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"Nunca comia carne", conta provadora de comida de Hitler

Margot Wölk manteve uma dieta invulgar durante a II Guerra Mundial. Enquanto a maioria dos alemães tinha dificuldade para encontrar os alimentos mais básicos, ela provava os pratos mais sofisticados. Só que podiam estar envenenados... Margot era provadora de comida de Hitler.

Aos 95 anos, Wölk teve a sua história publicada pela revista alemã Der Spiegel, depois de já ter sido entrevistada em Dezembro pelo jornal berlinense B.Z.

Wölk era uma das 15 jovens provadoras de comida de Hitler no Wolfsschanze (toca do lobo), o seu famoso quartel-general na Prússia Oriental, e a única entre estas a não ser fuzilada pelos soviéticos depois de tomarem o local (hoje na Polónia), em 1944.



Depois de a sua casa em Berlim ter sido bombardeada, Wölk refugiou-se na casa da sogra, localizada a menos de 3 km da base de Hitler. Na época, o Reich temia que os Aliados quisessem envenenar o führer.
"Nunca tinha carne porque Hitler era vegetariano. A comida era muito boa... mas não conseguíamos apreciá-la", contou.
Wölk, oriunda de uma família anti-nazi, nunca viu pessoalmente Hitler, mas soube em primeira mão do fracassado atentado contra o führer no local, em Julho de 1944.
Por motivos de segurança, Margot e as provadoras passaram a viver numa espécie de cativeiro a partir de então. Na altura, chegou a ser violada por um oficial nazi.
A sua vida foi salva quando um tenente a ajudou a fugir, colocando-a num comboio para Berlim pouco antes da ofensiva da União Soviética chegar ao local.



Ao voltar à região, porém, não escapou do Exército Vermelho, cujos elementos a violaram repetidamente durante duas semanas. Devido aos ferimentos, nunca pôde ter filhos.
A guerra terminou com Wölk em depressão, só minorada após o regresso do marido, Karl, soldado que ela tinha já dado como morto.
Margot conta que ainda demorou a voltar a sentir prazer no acto de comer. Hoje, diz-se feliz. Não perdi o meu sentido de humor, declarou à revista, embora ele tenha ficado mais sarcástico.

Margot Wölk faleceu em 2014.
Fonte: Diario Digital