Destaque do mês

Joana d'Arc

Joana d'Arc
Joana d'Arc, nasceu em Domrémy, na região de Lorena na França. Posteriormente a cidade foi renomeada como Domrémy-la-Pucelle em sua homenagemA data de seu nascimento é imprecisa, de acordo com seu interrogatório em 24 de fevereiro de 1431, Joana teria dito que na época tinha 19 anos portanto teria provavelmente nascido em 1412.

Camponesa, filha de Jacques d'Arc e Isabelle Romée, teve quatro irmãos, Jacques, Catherine, Jean e Pierre, sendo ela a mais nova dos irmãos. Seus pais eram agricultores e de vez em quando artesãos. Joana também era muito religiosa, ia muito à igreja e frequentemente fugia do campo para ir orar na igreja de sua cidade.

A guerra dos Cem anos
Guerra dos Cem Anos aconteceu na Idade Média, entre os anos de 1337 e 1453 (duração de 116 anos). Esta guerra envolveu os reinos da França e Inglaterra. Foi a principal e mais sangrenta guerra europeia do período medieval.

O conflito militar foi causado, principalmente, pela rivalidade entre Filipe de Valois, proclamado rei da França depois da morte de Carlos IV (último da dinastia dos capetos) e Eduardo III da Inglaterra. Este último pretendia ter direito à coroa francesa por parte de sua mãe. Disputas territoriais e comerciais também influenciaram o conflito.

Os ingleses foram vitoriosos na Batalha de Crécy (1346) e em Poitiers (1356). No reinado de Carlos V, graças a Duguesxlin, a fortuna das armas favoreceu a França. Porém, no reinado de Carlos VI, a batalha de Azincourt (1415) deu uma nova vitória aos ingleses.

Quando o rei Carlos VII subiu ao trono, os ingleses ocupavam quase todo território francês. Surgiu, neste momento, a heroína Joana D’arc, que comandou o exército francês para várias vitórias, sendo a principal o cerco de Orleans.

Porém, Joana D’arc foi capturada e queimada em 1431. Mas o impulso dado por ela fez mudar o caminho da guerra, dando vantagem para o exército francês.

De cima, da esquerda para a direita: Batalha de La Rochelle; Batalha de Azincourt; Batalha de Patay e Joana d'Arc no Cerco de Orleães.

Joana d'Arc: A heroína
Aos 16 anos, Joana foi a Vaucouleurs, cidade vizinha a Domrèmy. Recorreu a Robert de Baudricourt, capitão da guarnição Armagnac estabelecida em Vaucouleurs para lhe ceder uma escolta até Chinon, onde estava o "delfim" (Carlos VII), já que teria que atravessar todo o território hostil defendido pelos ingleses e Borguinhões. A escolta iniciou-se aproximadamente em 13 de fevereiro de 1429.

Joana atravessou as terras dominadas por Borguinhões, chegando a Chinon, onde finalmente iria se encontrar com Carlos, após uma apresentação de uma carta enviada por Baudricourt. Chegando a Chinon, Joana já dispunha de uma grande popularidade, porém o delfim tinha ainda desconfianças sobre a moça. 

Decidiram passá-la por algumas provas. Segundo a lenda, com medo de apresentar o delfim diante de uma desconhecida que talvez pudesse matá-lo, eles decidiram ocultar Carlos em uma sala cheia de nobres ao recebê-la. Joana então teria reconhecido o rei disfarçado entre os nobres sem que jamais o tivesse visto antes. Joana teria ido até ao verdadeiro rei, se curvado e dito: "Senhor, vim conduzir os seus exércitos à vitória".

Joana reconhece o rei Carlos VII em Chinon.

Sozinha na presença do rei, ela o convenceu a lhe entregar um exército com o intuito de libertar Orléans. Porém, o rei ainda a fez passar por provas diante dos teólogos reais. As autoridades eclesiásticas em Poitiers submeteram-na a um interrogatório, averiguaram sua virgindade e suas intenções.
Convencido do discurso de Joana, o rei entrega-lhe às mãos uma espada, um estandarte e a autorizou a acompanhar as tropas francesas que seguiam rumo à libertação da cidade de Orléans, que havia sido invadida e cercada pelos ingleses havia oito meses.
Pintura histórica por Paul Delaroche mostrando o Cardeal Henrique Beaufort interrogando Joana d'Arc.

Munida de uma bandeira branca, Joana chega a Orleães em 29 de abril de 1429. Segundo relatos de oficiais franceses da época, Joana não teria lutado pessoalmente mas havia ficado muito próximo de onde a batalha acontecia, encorajando os homens.

Ela também participava dos conselhos de guerra dos generais, que frequentemente ouviam o que ela tinha a dizer. Sob seu estandarte, o exército de 4 000 homens derrotaram os ingleses em batalha e romperam o cerco a Orleães a 8 de maio de 1429. A presença de Joana é creditada como fundamental para a vitória, dando coragem e força aos soldados. Os franceses estavam cercando Orleães havia quase oito meses e não conseguiam superar as defesas inglesas. Porém, com Joana ao seu lado, o fervor religioso e patriótico reascendeu nas tropas e os conduziu a vitória.

Existem histórias paralelas a esta que informam que a figura de Joana era diferente. Ela teria chegado para a batalha em um cavalo branco, armadura de aço, e segurando um estandarte com a cruz de Cristo, circunscrita com o nome de Jesus e Maria. Ela apresentava-se extremamente disciplinada.

Após a vitória em Orleães, os ingleses pensaram que os franceses iriam tentar reconquistar Paris ou a Normandia, mas ao invés disto, Joana convenceu o Delfim a iniciar uma campanha sobre o rio Loire. Isso já era uma estratégia de Joana para conduzir o Delfim a cidade de Ruão.

Joana dirigiu-se a vários pontos fortificados sobre pontes do rio Loire. Em 11 e 12 de junho de 1429 participou da vitória francesa na batalha de Jargeau. No dia 15 de junho foi a vez da batalha de Meung-sur-Loire.

A terceira vitória foi em Beaugency, nos dias 16 e 17 de junho do mesmo ano. Um dia após sua última vitória se dirigiu a Patay, onde sua participação foi pouca. A luta na região, única batalha em campo aberto, já se desenrolava sem a presença de Joana d'Arc.

Cerca de um mês após sua vitória sobre os ingleses em Orleães, ela conduziu o Delfim Carlos VII à cidade de Reims, onde foi coroado rei da França em 17 de julho de 1429. A vitória de Joana d'Arc e a coroação do rei acabaram por reacender as esperanças dos franceses de se libertarem do domínio inglês e representaram a virada da guerra.
Teoricamente Joana já não tinha mais o que fazer no exército, já que havia cumprido sua promessa perfeitamente e havia seguido corretamente as ordens que, segundo ela, as vozes lhe haviam dado. Mas Joana, como muitos outros, viu que enquanto a cidade de Paris estivesse tomada pelas tropas inglesas, dificilmente o novo rei poderia ter claramente o controle do Reino da França.
No mesmo dia da coroação, chegaram emissários do Duque de Borgonha e se iniciaram as negociações para se chegar a paz, ou a uma trégua, que foi finalmente o que se pactuou. Não foi a paz que Joana desejava, mas pelo menos ela houve durante quinze dias. 

Carlos VII necessitava tomar Paris para exercer sua autoridade de rei mas não queria criar uma imagem ruim com uma conquista violenta de terras que passariam a ser seu domínio. Foi isto que o motivou a firmar a trégua com o Duque de Borgonha, como uma necessidade de ganhar tempo.

Durante a trégua, Carlos VII levou seu exército até Île-de-France. Houve alguns enfrentamentos entre os Armagnacs e a aliança inglesa com os Borguinhões. Os ingleses abandonaram Paris, dirigindo-se a Ruão. Restava então derrotar os Borguinhões que ainda ficaram em Paris e nas regiões vizinhas.

Joana foi ferida por uma flecha durante uma tentativa de entrar em Paris. Isto acelerou a decisão do rei em bater em retirada no dia 10 de setembro de 1429. Com a parada, o rei francês não expressava a intenção de abandonar definitivamente a luta, mas optava por repensar sua estratégia e defender a opção de conquistar a vitória mediante a paz, tratados e outras oportunidades no futuro.

A Morte de Joana d'Arc
Na primavera de 1430, Joana d'Arc retomou a campanha militar e passou a tentar libertar a cidade de Compiègne. Durante um ataque ao campo de Margny, controlado pelos Borguinhões, franceses aliados dos ingleses, Joana acabou sendo presa em 23 de Maio de 1430. Entre os dias 23 e 27 foi conduzida ao castelo de Beaulieu-lès-Fontaines. 

Joana foi entrevistada entre os dias 27 e 28 pelo próprio Duque de Borgonha, Filipe III. Naquele momento Joana era propriedade do Duque de Luxemburgo. Ela foi levada ao Castelo de Beaurevoir, onde permaneceu todo o verão, enquanto o duque de Luxemburgo negociava sua venda. Ao vendê-la aos ingleses, Joana foi transferida a Ruão.

Joana foi presa em uma cela escura e vigiada por cinco homens. Em contraste ao bom tratamento que recebera em sua primeira prisão, Joana agora vivia seus piores tempos.

O proprietário de Joana, Jean de Luxemburgo, apresentou-se a Joana fazendo-lhe a proposta de pagar por sua liberdade se ela prometesse não atacar mais os ingleses. A partir do dia 23 de maio, as coisas se aceleraram, e no dia 29 de maio, ela foi condenada por heresia.

Joana foi queimada viva em 30 de maio de 1431, com apenas dezenove anos. A cerimónia de execução aconteceu na Praça do Velho Mercado em Ruão. Ela foi queimada viva. Suas cinzas foram jogadas no rio Sena, para que não se tornassem objeto de veneração pública.

O seu legado e homenagens
Joana D'Arc foi uma heroína francesa da Guerra dos Cem Anos, entre a França e a Inglaterra. Joana acreditou na voz e na ordem que ouvia e lhe encorajava expulsar os ingleses da França e coroar o legítimo rei Carlos VII.

A revisão do seu processo começou a partir de 1456, quando foi considerada inocente pelo Papa Calisto III, e o processo que a condenou foi considerado inválido, e em 1909 a Igreja Católica autoriza sua beatificação. Em 1920, Joana d'Arc é canonizada pelo Papa Bento XV.

Uma outra versão informa que vinte anos após a sua condenação à fogueira, os pais de Joana d'Arc pediram que o Papa da época, Calisto III, autorizasse uma comissão que, numa pesquisa serena e profunda, reconheceu a nulidade do processo por vício de forma e de conteúdo. Joana d´Arc desta maneira teve sua honra reabilitada, e o nome feiticeira, e bruxa foi apagado para que ela fosse reconhecida por suas virtudes heroicas, provenientes de uma missão divina.

Ela foi proclamada Mártir pela Pátria e da Fé. Santa Joana é sincretizada nas religiões afro-brasileiras com a orixá Obá.