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Hatshepsut, a Primeira Faraó Mulher do Egito

Nascida em Tebas, capital do Egito durante o Império Novo, Hatshepsut foi a filha mais velha do rei Tutmés I e da rainha Amósis, e viveu durante a XVIII dinastia egípcia. 

Após a morte do seu pai, Hatshepsut casou-se com seu meio irmão e herdeiro do trono, Tutmés II, seguindo um costume que existia no Antigo Egito onde membros da família real se casavam entre si. Com a morte de Tutmés II, o único herdeiro homem erá o filho dele com uma concubina, porém por ser apenas uma criança ele não pôde assumir o poder.

Hatshepsut assumiu o poder e no começo de seu reinado não exigiu as regalias reservadas aos faraós, que eram governantes e sacerdotes da religião local. Aos poucos foi testando seu poder, para ver até onde iam os limites impostos pela sociedade egípcia às mulheres, pois almejava o posto de faraó. Hatshepsut, então declara publicamente ser filha do deus Amon-Rá, que se apresentara à sua mãe como Tutmés I. 

Nos templos de Deir el-Bahari e de Amon-Rá ela consolidou seu poder real através de sua paternidade espiritual diante das pessoas mais importantes do Egito, pois Amon-Rá lhe teria confiado o Egito pelo consentimento dos deuses, assim como seu pai carnal lhe teria escolhido herdeira do trono. Hatshepsut passa a governar o Egito, deixando de ser regente para transformar-se em faraó.

A princípio, os sacerdotes não estavam de acordo com a proclamação de Hatshepsut como faraó, mas logo aceitaram a ideia. Provavelmente, o teriam feito pelo temor ao deus Amon e devido às riquezas que recebiam da coroa. 

A rainha realizava muitas doações ao clero, o que alimentava suas mordomias. Além disso, eles acreditavam que as decisões dela satisfaziam ao deus venerado e, caso não fossem cumpridas, ele jogaria pragas no Egito e acabaria com as colheitas. O período de prosperidade e tranquilidade da época fortaleceu o pensamento de que a rainha decidia corretamente.

Nas paredes do templo funerário de Hatshepsut, em Deir el-Bahari, está representado o episódio que relata a concepção e nascimento da rainha-faraó.

Capela vermelha de Hatchepsut em Karnak.
A mãe de Hatshepsut, Ahmose, encontra-se no palácio real. O deus Amon-Ra observa-a e, depois de consultar um conselho composto por doze divindades, decide que chegou a altura de gerar um novo faraó. O deus toma a aparência do rei Tutmés I, encontrando-a no quarto adormecida. 

A rainha acorda ao sentir o perfume que emana do corpo do esposo e o Deus Amon-Rá se mostra em toda sua plenitude, Ahmose, cai aos prantos em emoção pela grandiosidade do Deus. O casal une-se sexualmente e depois Amon-Rá informa que a filha que nascerá da união dos dois, governará o Egito em todas as esferas de poder do palácio.

Após sua morte, aos 37 anos e com 22 anos de reinado, Tutmés III subiu ao trono do Egito. Hatshepsut foi enterrada na tumba KV20.

A descoberta de Hatshepsut
Herbert Eustis Winlock
Tendo em conta que o nome de Hatexepsute foi suprimido das principais listas de reis do Antigo Egito, desconheceu-se durante muito tempo a existência de Hatexepsute. Em meados do século XIX, quando a Egiptologia se estruturou como campo do saber, iniciou-se a redescoberta da rainha-faraó.

Em 1922-1923 o egiptólogo Herbert Winlock, que realizava escavações em Deir Elbari na área pertencente ao rei Mentuotepe II, encontraria uma série de estátuas de Hatexepsute. Uma parte destas estátuas estão hoje no Museu Egípcio do Cairo e no Metropolitan Museum of Art. Recentemente a múmia de Hatexepsute foi localizada através de uma pesquisa que contava com testes de DNAtomografia computadorizada, entre outras 2 múmias, e um grande mistério que envolvia sua morte. 

Através de um dente molar, encontrado em uma caixa mortuária de madeira e com seu nome entalhado, que também continha seu fígado mumificado, foi possível afirmar que uma das múmias em questão era a de Hatexepsute. Cientistas descobriram também que sua morte foi devido a uma infecção na gengiva.



Apagada da História
Dizem que Tutemés III matou e ordenou mata-la, porém a teoria não é muito bem aceita. Após 20 anos do reinado de Tutemés III, o nome de Hatexepsute foi apagado de templos e por Tutemés III, de seu pai ou de seu avô. 

Uma outra teoria fala que Amenhotep II, sucessor de Tutemés, foi quem ordenou que o nome fosse apagado.

O Templo de Milhões de Anos - Deir Elbari
Ao oitavo ano do reinado de Hatexepsute, a grande obra do templo de Milhões de Anos é iniciada na margem ocidental de Tebas. O lugar escolhido: - a encosta de uma falésia, onde hoje encontramos os Vale dos Reis e das Rainhas. O templo foi criado para prestar homenagem ao seu Ka, associado ao seu pai Tutemés I, sendo residência também de Amom e Hator.

Também foram construídos, por ordem da Faraó, obeliscos que foram transportados de Assuã até Carnaque. Os monumentos com mais de 300 toneladas foram trabalhados nas pedreiras de granito de Assuã. 
Ao que consta, foram utilizados 7 meses para construir, transportar e erguer os obeliscos, e a presença desses monumentos dissipavam as forças negativas e protegiam o templo, atraindo assim a luz criadora.
O Templo de Milhões de Anos - Deir Elbari.